Auto-Cuidado: Um Ato de Amor e Responsabilidade

Natacha Soares Ribeiro
24 de jul.
5 min de leitura

“Cuidar de mim não é egoísmo. É sabedoria. É sustento. É coragem.”

Hoje, dia 24 de julho, assinala-se o Dia Internacional do Auto-Cuidado, uma data instituída pela Organização Mundial da Saúde com o objetivo de nos lembrar de algo essencial, mas tantas vezes negligenciado: o compromisso com o nosso bem-estar físico, mental, emocional e espiritual.

Numa sociedade que valoriza o fazer incessante, a produtividade a todo o custo e o cuidar do outro como sinal de valor, o auto-cuidado é frequentemente mal interpretado. Confundido com egoísmo, com luxo ou com fraqueza. Mas a verdade é que o auto-cuidado não é um capricho — é uma responsabilidade.

O que é, afinal, o auto-cuidado?

Auto-cuidar é escutar as tuas necessidades e agir a partir desse lugar. É reconhecer que, para viver uma vida plena, sustentável e alinhada com quem és, precisas de te nutrir, de te respeitar, de te escutar.

Trata-se de um conjunto de atitudes conscientes que promovem a tua saúde integral: dormir bem, alimentar-te com intenção, movimentar o corpo, estabelecer limites saudáveis, fazer pausas, cultivar relações nutritivas, expressar o que sentes, pedir ajuda, ter momentos de silêncio, prazer, beleza...

O auto-cuidado é a prática de te colocares no teu próprio colo e dizeres: “Eu estou aqui por mim.”

Cuidar de ti não é egoísmo — é o primeiro passo para poderes cuidar de tudo o resto.

Temos sido ensinados a dar tudo aos outros antes de nos darmos a nós. A ignorar os sinais do corpo. A disfarçar a exaustão. A calar a alma.

Mas ninguém consegue dar o que não tem. Ninguém pode amar plenamente, criar com consistência ou servir com presença, se está em colapso interior. O auto-cuidado não te afasta dos outros — aproxima-te da tua humanidade e faz de ti uma presença mais inteira, mais lúcida, mais disponível.

Os desafios (invisíveis) de nos cuidarmos

Apesar de sabermos o quão importante é cuidarmos de nós, muitos de nós lutam com a implementação real dessa prática. Porquê?

Crenças limitadoras: Fomos ensinados a associar valor ao sacrifício, e culpa ao descanso.
Excesso de exigência: Sentimo-nos culpados por parar, mesmo quando o corpo implora.
Falta de tempo: As agendas estão cheias de compromissos com o mundo e vazias de compromissos connosco.
Desconexão interior: Vivemos tanto para fora que já não sabemos escutar o que o corpo ou o coração pedem.
Pressão cultural: A sociedade celebra o desempenho, mas não reconhece o silêncio ou a pausa como essenciais.

Lembra-te: cuidar de ti num mundo que constantemente te pede para te negligenciares é um ato revolucionário.

Por onde começar?

Se sentes que tens descurado o teu bem-estar, que tens andado em piloto automático, sem tempo para ti, respira fundo. Nunca é tarde para recomeçar. Aqui ficam algumas sugestões práticas:

🌿 1. Redefine o que é auto-cuidado para ti

Nem sempre é tomar um banho de espuma. Às vezes é dizer “não”. É cancelar um plano para dormir. É pedir ajuda de um amigo ou um profissional para lidares com os teus problemas ou desafios. É comer de forma mais intuitiva. O auto-cuidado é pessoal, íntimo, e deve ser adaptado ao teu momento.

🕯️ 2. Reserva tempo para ti na tua agenda

Cria rituais sagrados no teu dia ou na tua semana. Nem que sejam 10 minutos por dia só para ti. Escreve, caminha, respira, dança. O importante é que esse tempo exista e que seja respeitado.

💬 3. Observa o teu diálogo interno

Tens sido gentil contigo? Tens-te escutado com compaixão ou com julgamento? O auto-cuidado começa pela forma como falas contigo.

🤲 4. Pede apoio

Cuidar de ti não tem de ser um processo solitário. Partilha o teu compromisso com alguém. Envolve a tua família. Cria uma rede de apoio. O cuidado pode (e deve) também ser coletivo.

Autocuidados "Invisíveis" (mas muito importantes)

Deixamos-te uma lista de escolhas e práticas de autocuidado, que nem sempre são reconhecidas como tal, mas que são de extrema importância:

Deixar de frequentar espaços onde não te sentes bem
→ O corpo avisa: tensão, ansiedade, desconforto. Escutá-lo é um ato de respeito por ti.
Dizer “não” mesmo quando temes desapontar alguém
→ Pôr limites é um gesto de amor-próprio, não de rejeição ao outro.
Sair de um grupo de WhatsApp que te consome energia
→ Proteger a tua paz mental é autocuidado digital.
Ficar em silêncio, mesmo quando esperam que fales
→ Nem sempre tens que dar explicações. Preservar a tua energia é sabedoria.
Deixar um trabalho “seguro” que te está a adoecer
→ Escolher saúde em vez de estabilidade pode ser a decisão mais corajosa da tua vida.
Parar de seguir alguém nas redes sociais
→ O que consomes influencia a tua autoestima. Faz um detox.
Dormir em vez de ir ao ginásio, se o teu corpo o pede
→ Escutar o corpo é mais importante do que seguir um plano.
Pedir ajuda mesmo quando achas que devias aguentar tudo sozinh@
→ A vulnerabilidade também é força.
Investir tempo num hobby que, aparentemente, “não serve para nada”
→ O prazer e o descanso também te constroem.
Não responder a mensagens de imediato
→ Não és uma máquina. És um ser humano com um ritmo próprio.
Comer devagar, sozinho, em silêncio
→ Dar-te presença e qualidade é um gesto radical de cuidado.
Aceitar que estás exausto e parar
→ Reconhecer o cansaço é um dos maiores sinais de autoconsciência.
Não te forçar a ser positiv@ quando estás triste
→ Sentir tudo o que há para sentir também é um caminho de cura.
Eliminar relações que te drenam em vez de nutrirem
→ Proteger o teu espaço relacional é autocuidado emocional.

Uma proposta Menssana

Desafiamos-te a fazer do auto-cuidado uma prática diária e não um evento ocasional. E se, esta semana, escrevesses uma Carta de Compromisso Contigo Mesm@?

✨ O que precisas neste momento?✨ Que práticas ou decisões sustentam o teu bem-estar?✨ Que hábito gostarias de recuperar?✨ Que limite precisas de afirmar?

Guarda essa carta. Lê-a sempre que te esqueceres de quão importante és para ti mesm@.

O auto-cuidado é um gesto político, espiritual e profundamente humano. É o teu SIM ao que te dá vida. É a tua âncora em tempos de turbulência. E é, talvez, o primeiro passo para viveres de forma plena.

Neste Dia Internacional do Auto-Cuidado, faz uma escolha: coloca-te no centro da tua vida.

“Se eu não cuidar de mim, quem cuidará?”
“Se eu só cuidar de mim, quem sou eu?”
“Mas se eu não me cuidar, como poderei cuidar verdadeiramente dos outros?”

Feliz Dia do Auto-Cuidado. Que ele possa ser hoje e todos os dias!

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